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O que o Ranking Infomoney 2025 das marcas mais valiosas revela sobre Inovação no Brasil

por Marcello Ávila Nascimento

O contraste entre o valor de marca derivado de serviços e o valor derivado da inovação protegida é um sintoma de subdesenvolvimento e dependência tecnológica da economia brasileira.

A divulgação anual dos rankings de marcas mais valiosas, como o da InfoMoney no Brasil, frequentemente revela um paradoxo: enquanto as marcas brasileiras mais bem posicionadas dominam os setores de varejo, serviços e bancos, seus pares nos Estados Unidos, Europa ou Japão são dominados por gigantes da tecnologia, farmacêutica e semicondutores.

Essa disparidade não é uma mera curiosidade estatística; ela é um sintoma estrutural de subdesenvolvimento, indicando que o valor da economia é baseado em marketing e escala, e não em vantagem competitiva protegida por patentes estratégicas.

O Contraste Estrutural: Reconhecimento vs. Monopólio

O valor de uma marca pode ser gerado de duas formas distintas:

1. Valor por Reconhecimento (Economia de Serviços): Baseado na capilaridade, confiança do consumidor, escala logística e marketing de massa. É o caso de grandes bancos, varejistas e players de commodities. É um valor fragilizável e facilmente copiável, pois as barreiras de entrada são primariamente regulatórias ou de capital, não tecnológicas.

2. Valor por Inovação (Economia do Conhecimento): Baseado na detenção de Propriedade Intelectual (PI), especificamente patentes. O valor de mercado é intrinsecamente ligado à capacidade de criar um monopólio legal temporário sobre uma tecnologia crucial. Esse é o modelo de empresas como Apple, Google, Pfizer ou Nvidia.

Uma marca de tecnologia que domina o mercado sem um forte portfólio de PI é uma anomalia. O verdadeiro valor reside na capacidade da patente de bloquear a concorrência e garantir o Preço Premium para uma inovação única.

Por Que o Progresso Tecnológico é Endógeno

A escola econômica do Novo Crescimento (Paul Romer) enfatiza que o crescimento sustentável não é acidental, mas sim endógeno, impulsionado pela acumulação de conhecimento e a inovação.

• Patentes como Incentivo ao P&D: O sistema de patentes resolve o dilema de financiamento: ele garante que o investimento inicial de altíssimo risco em Pesquisa e Desenvolvimento seja recuperado pelo inventor. Sem a proteção robusta, o conhecimento seria imediatamente copiado, minando o incentivo à inovação.

• A “Fuga” do Valor Agregado: O Brasil, com marcas valiosas predominantemente em serviços, revela que a maior parte do valor agregado e dos lucros extraordinários (royalties) provenientes da tecnologia (como chips, software base, ou insumos farmacêuticos) é transferida para as nações detentoras das patentes. Isso cria uma dependência tecnológica crônica.

• O Risco de “Média Renda”: Economias que não conseguem fazer a transição de produtoras de commodities e fornecedoras de serviços de baixo custo para inovadoras de bens e processos de alto valor agregado tendem a ficar presas na “armadilha da renda média”, sem conseguir alcançar o patamar de nações desenvolvidas.

O Legado Histórico e a Soberania Industrial

Historiadores econômicos americanos, ao analisarem a ascensão dos EUA, apontam que o sistema de patentes não foi apenas um benefício, mas uma ferramenta de política industrial.

• O Ato de Patentes de 1790 foi desenhado para incentivar a criação local, transformando o país de um importador de bens manufaturados em um exportador de tecnologia. As gigantes industriais da “Era da Invenção” (como General Electric e AT&T) não cresceram apenas com marketing; elas cresceram com monopólios tecnológicos protegidos.

• A defesa ferrenha das patentes (mesmo que controversa) garantiu que o conhecimento fosse retido e monetizado no país, fornecendo a base para a criação de empregos de alta qualificação e o investimento contínuo em ciência.

De Reconhecimento à Invenção

A lição dos rankings é clara: enquanto as marcas brasileiras valiosas são um sinal de um mercado consumidor robusto e de uma boa capacidade de varejo, a ausência de empresas cujos ativos principais são patentes estratégicas é um sinal de fragilidade econômica fundamental.

A verdadeira solidez econômica se constrói quando o valor da marca não é apenas a lembrança do consumidor, mas sim a vantagem competitiva legalmente assegurada que detém o monopólio sobre o próximo salto tecnológico.

A transição do Brasil para uma economia sólida exige um foco urgente na criação de um ecossistema que incentive, proteja e valorize a Propriedade Intelectual Industrial, transformando-a em seu ativo mais valioso.

Restando dúvidas envie um e-mail para inpi@avilanascimento.adv.br, ou entre em contato pelo telefone (21) 3208-3838 ou pelo WhatsApp (21) 97272-8787.

Referências:

BRASIL. Lei nº 9.279, de 14 de maio de 1996. Regula direitos e obrigações re-lativos à propriedade industrial. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 maio 1996.

Site oficial do escritório Ávila Nascimento Advocacia. Disponí-vel em: https://avilanascimento.adv.br/#informativos. Acesso em 2025.

Medindo a Inovação na Indústria de Mineração com Patentes. WIPO Eco-nomic Research Working Paper No. 84, 2017. Disponível em: https://www.wipo.int/publications/en/details.jsp?id=4420. Acesso em: nov. 2025.

ROMER, Paul M. Endogenous Technological Change. Journal of Political Economy, v. 98, n. 5, p. S71-S102, 1990. Disponível em: https://www.jstor.org/. Acesso em: nov. 2025.

SCHUMPETER, Joseph A. Capitalismo, Socialismo e Democracia. Rio de Ja-neiro: Fundo de Cultura, 1961.
INFOMONEY. As 25 marcas mais valiosas do Brasil em 2025. Disponível em: https://www.infomoney.com.br/tudo-sobre/ranking/. Acesso em: nov. 2025.

U.S. PATENT AND TRADEMARK OFFICE (USPTO). Patent Act of 1790. Dis-ponível em: https://www.uspto.gov/about-us/news-updates/patent-act-1790. Acesso em: nov. 2025.

FAQ Ranking Marcas mais Valiosas

O valor de marca em serviços é baseado no reconhecimento do consumidor e na escala operacional, sendo facilmente replicável. O valor gerado por patentes, no entanto, baseia-se em um monopólio legal temporário sobre uma tecnologia única. Patentes criam barreiras tecnológicas à entrada e permitem o preço premium, sustentando o crescimento industrial de longo prazo.

A ausência de patentes estratégicas de alto valor implica que o Brasil não retém a propriedade do conhecimento mais avançado. O país se torna um importador de software base, chips e insumos de alta tecnologia, transferindo grande parte do valor agregado (royalties) para as nações detentoras dessas patentes. Isso caracteriza a dependência tecnológica.

Economistas como Paul Romer (Teoria do Novo Crescimento, ou Crescimento Endógeno) argumentam que as ideias e a inovação protegida (patentes) são o verdadeiro motor do crescimento econômico sustentável, pois geram externalidades positivas e acumulação de conhecimento.

Historiadores econômicos apontam que o Ato de Patentes de 1790 nos EUA foi uma ferramenta de política industrial que incentivou a invenção local. A defesa da Propriedade Intelectual permitiu que os inventores monetizassem seus monopólios, criando as gigantes industriais (como General Electric) e transformando o país de um importador para um exportador de tecnologia e inovação industrial.

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